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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Adotando dias


Pensando em fuwas descobri a adoção universal, na verdade criei-a. Imaginem um cachorrinho de olhos acinzentados e pêlo claro abandonado na chuva fria. Imaginem a flor mais bela da primavera. Imaginem o sol em seu dia mais amarelo e em seu momento mais alaranjado. Imaginem a pedra mais colorida e mais brilhante. Imaginem a pedra renegada por sua simplicidade. Imaginem o arco-íris na mangueira. Imaginem o sorriso mais encantador. O verão mais gostoso. O dia mais longo. A noite mais longa. A lua mais amarelada. A estrela de maior brilho. O gato de patas sujas e olhos felizes em meio a calçada suja. O homem que quer ser chamado de pai. A mulher que deseja sentir a maternidade ao escutar a palavra "mãe".
Todas essas coisas me induzem a adotá-las... Quero a pedra mais bonita e a mais feia. O pai adotado, a mãe por anexo, o irmão de amizade sólida (se bem que já tenho alguns que valem a pena), o cachorro abandonado, o gato feliz, a criança solitária, o sol e a lua, a noite e o dia, o sorriso 'encantante', o verão e o inverno gelado, o arco-íris e tudo o mais que prende o meu olhar por mais do que dois segundos. Filmes e livros já foram adotados, músicas foram reservadas como minhas. Olhares foram capturados. Dias foram filmados.
Meu cérebro capta os momentos felizes e tristes em seus locais, adotando lembranças como minhas. Adotando filhotes e adeuses. Realmente, tenho de parar de olhar pra tudo ou o meu coração vai estar cheio demais, ou demenos. Afinal, até mesmo os fuwas eu quero. Selecionar também é bom, mas se posso ter tudo mesmo que em registros fugazes, porque me privar as coisas possíveis de se adotar?

Flora S. (oiá eu aqui, mamãe)

2 comentários:

Mau e Ana disse...

Linda a adoção universal!
E se eu também puder entrar na história, adoto suas palavras mais lindas e suas vírgulas deletadas.
Adoto o milésimo de segundo de hesitação que constrói as suas melhores falas!
Adoto você, pode?

Thiago disse...

Otimo...
Hua, podemos adotar a beleza da vida?
E a singularidade dos encontros?