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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Eu vi


Andava calma, entre amigos. Mas o tempo parou. Foi um segundo quando eu vi aquilo. Percebi que todos iriam concordar comigo. Vi o sonho logo em frente. Vi que ele chegava lentamente. Apenas ele, mas eu havia parado de andar, meus amigos eram pessoas que não poderia jamais deixar para trás. Permaneci quieta. Em silêncio, admirando. Ele veio, me sorriu. Estava sozinho. Seu sorriso cor da lua, seus olhos cor do sol. E tudo para mim perdeu o porquê. Eu perdi razões, perdi palavras e pensares.
Ele ainda me olhou mais intensamente. Fiquei envergonhada. Ele conversava e o tempo parado. Eu, sempre eu, e ele. Dois em um mundo cujas tristezas já não mais existiam. Eu fingia sorrir, pois ao mesmo tempo tinha medo. Um medo tão bonito, tão próprio. Perdi a noção do tempo, mas que diferença faria? O mundo já não tinha mais tempo mesmo. O tempo já não tinha mais tempo para mim. Eu era muito para caber nos ínfimos segundos e nas poucas palavras. Me mantinha em silêncio, como podia eu chorar mais?
Como podia meu coração gritar tanto? Ele fugia de mim, não ELE, meu coração. Eu ainda tentava manter-me em meu lugar e tudo o que via era belo. As folhas que não se mexiam com o vento. O ar sem brisas, o sol que brilhava sem machucar. As abelhas de asas paradas, as flores que esperavam para poderem se movimentar.
O mundo parou, mas apenas para mim. Até que o aperto veio. O escuro se tornou real, ele parou de rir, ele olhou-me fundamente e disse:
-Durma.
E eu dormi, caí. Escutei o mundo novamente, todos gritavam. Eu dormia. Meus amigos se mantinham em desespero. E cada vez mais o mundo se tornava outro. Eu não vi. Não vi mais nada. Perdi o tudo. Mas outra luz virá, será?

Flora S.

1 comentários:

Mau e Ana disse...

Recuperando o fôlego...